Há amigos de criança. Daqueles com quem crescemos, com quem temos histórias de trafulhices e malandrices feitas em tempos de mil-nove-e-troca-o-passo...
Há os conhecidos. Aqueles que são simpáticos e educados conosco. Que nos dão sempre o bom dia, e perguntam se está tudo bem, e aos quais nós respondemos sempre que sim, porque mesmo que esteja tudo mal, aquela pessoa não vive no nosso mundo.
E depois há as pessoas fundamentais. Aquelas que se sabe estarem sempre lá. Para rir com a mais recente estupidez, para dar na cabeça quando a maior asneira da nossa vida foi feita, ou só para emprestar um lencinho pra limpar aquela lagrimita.
São as pessoas com quem conversamos com o olhar. Que adivinham o nosso estado de alma pela quantidade de suspiros que damos assim que nos sentamos para beber o tal café. São as pessoas que sabem sempre a nossa vida, mesmo quando passamos dias ou semanas ou meses sem nos ver. São as pessoas que conhecem as nossas maiores vergonhas, sabem dos nossos pontos fracos, mas só reconhecem em nós e para os outros os nossos pontos fortes. São aquelas que nos rebaixam á nossa frente e nos enaltecem nas nossas costas. São aquelas para quando nunca falta assunto, porque até no silêncio se conversa. São a nossa metade. Podem ser o amor da nossa vida ou uma "irmã de pais diferentes"! São a nossa pessoa.
A minha foi me dada sem eu saber por alguém que deveria ter esse como único propósito na vida, já que foi das poucas coisas que fez de jeito!
E ela ficou. E foi se entranhando e hoje não vivo sem ela. Melgo lhe a cabeça montes de vezes. Mando lhe sms quando quero e me apetece, mesmo que seja de madrugada. Sou uma chata de primeira. Mas ela continua a convidar me sempre para jantar e a pagar me cafés.
Foi a primeira a saber do blogue. Ainda antes do xuxu (desculpa manjerico). Porque ela já existia antes dele. Porque ela soube que eu estava caidinha por ele, antes de eu por sequer essa hipótese ou de começar a negar isso com todas as forças. Mas ela ria se e dizia que não. Que era óbvio que não ia acontecer nada.
Pois pois...
Este post era para ser só sobre um poema de Fernando Pessoa (ver no fim) que descobri há uns dias e que enviei para ela. Mas começando a falar não me calo e deu nisto. E também porque ela merece estas homenagens. E porque fica toda vaidosa, ainda que mantenha a humildade e não faça disto chamariz.
Porque ela tem um coração do tamanho do mundo. Porque é a pessoa mais altruísta que eu conheço.
S. quando for grande quero ser como tu.
"Quero ser o teu amor amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."
Fernando Pessoa


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